quarta-feira, 31 de julho de 2013

Quarto encontro: Família e a escola

Programação do encontro com os professores
Grupo de Ação e Formação Múltiplas Sexualidades
01 de agosto

18H - Abertura e acordo sobre o programa

18h20 - Teatro Fórum "O que é que ele/a é?  Camila Oliveira, Camila Carmo e Kiki

19h40 - Intervalo

20h20 - Debate a partir do texto "Homofobia nas Escolas: um problema de todos"

terça-feira, 30 de julho de 2013

28 escolas de ensino médio de Pernambuco combatem o machismo e a homofobia


                         
                  Na Escola Professor Trajano de Mendonça, balões e cartazes decoram a Semana Rosa e Lilás

PE: alunos discutem homofobia e machismo para romper preconceitos
Núcleos de estudo de gênero criados em 28 escolas de ensino médio de Pernambuco ajudam a combater a discriminação

As discussões sobre machismo e homofobia estão nas redes sociais, na TV, nos jornais e não poderiam ficar muito tempo longe da escola. Com o objetivo de promover ações de formação e pesquisa em gênero e educação e incentivar alunos e professores a debaterem estes temas, Escolas Referência de Ensino Médio (Erems) de Pernambuco implementaram, desde o ano passado, Núcleos de Estudos de Gênero e Enfrentamento da Violência Contra a Mulher. Fruto da articulação entre a Secretaria da Mulher e a Secretaria de Educação com as escolas de nível médio, a iniciativa já alcança 28 instituições de ensino do Estado.

Localizada em Jardim São Paulo, na zona oeste do Recife, a Erem Professor Trajano de Mendonça é uma das participantes do projeto. Professores e alunos de diferentes séries e disciplinas formaram o Grupo Margarida Maria Alves de Estudos de Gênero. Coordenadora do grupo e professora de português da instituição, Rosário Leite explica que a escola já tinha um projeto que tratava do tema desde 2011 e, por conta disso, recebeu o convite da Secretaria da Mulher para implantar o núcleo ainda no ano passado. "Ele nasceu com a proposta de discutir a violência contra a mulher, já que o Estado de Pernambuco tem um alto número de casos de agressão contra mulheres, inclusive com mortes. Conforme fomos angariando parceiros, ampliamos o debate para questões de outros gêneros", conta.

Segundo Rosário, o núcleo ainda está em fase inicial. As reuniões ocorrem quinzenalmente, em contraturno, e não são obrigatórias. "É uma atividade voluntária", comenta. Nos encontros, os alunos debatem temas como machismo e homofobia a partir de filmes, notícias, leituras e relatos de experiência. A temática não fica restrita aos debates. "A ideia é trazer essa discussão de gênero para a sala de aula também de forma que perpasse todas as disciplinas, fazendo pontos de intersecção. Queremos trazer para o dia a dia mesmo, pois quanto mais presente a discussão, mais fácil combater a violência", afirma.

A escola também incentiva que os alunos participem de concursos de redação sobre temáticas de gênero. "É muito importante participar de eventos escolares, fazer debates nas salas, oficinas, seminários e palestras", diz Rosário. O marco das discussões, de acordo com ela, é março, na Semana da Mulher, um período especial, com atividades envolvendo toda a escola. "Ampliamos o foco, saímos da questão da violência doméstica e passamos a abordar a diversidade sexual e a questão da igualdade de gêneros. Com o núcleo, os alunos passam a ser sujeitos dessa ação, a ideia é que se transformem em multiplicadores dessa questão contra a violência", completa.

Na Trajano de Mendonça, este período ficou conhecido como Semana Rosa e Lilás, na qual alunos e professores usam peças de roupa nestas cores, além de decorar a escola com balões e cartazes. "Também é realizada uma série de encontros. Nós trazemos voluntários para darem palestras. Neste ano, por exemplo, a semana foi aberta com a discussão sobre homofobia, e finalizamos discutindo violência de gênero no mundo inteiro", diz.

Dos cerca de 700 alunos da escola, entre turmas do nono ano e do ensino médio, participam regularmente dos encontros quinzenais em torno de 20. "Nem sempre são os mesmos. O grupo todo trabalhando chega a 90 alunos diretamente engajados, fora os professores", afirma Rosário. Além disso, a escola mantém um grupo de discussões no Facebook, onde os alunos postam e comentam sobre temas relacionados.

A mudança no tratamento entre os colegas, bem como a conscientização e a formação de multiplicadores contra a violência de gênero, são o resultado da implantação do núcleo. "Isso se reflete até nas famílias, muitos pais passaram a apoiar o projeto", diz. As reuniões auxiliam no desenvolvimento dos alunos e na formação social. "É muito importante para nós que todos participem. Os professores, por exemplo, vão sempre vestidos de rosa na Semana Rosa e Lilás. Ver outros homens usando esta cor, já faz esses alunos enxergarem a questão de outra forma", relata. 

Rosário conta que ainda há brincadeiras e provocações eventualmente na sala de aula ou no intervalo. "Isso acaba repercutindo entre os alunos e vira debate. Os estudantes tornam-se vigilantes. E queremos isso: que conversem sobre o tema, que não seja necessário uma advertência do professor", aponta.

Futuro com menos preconceito

Hoje aos 18 anos, Emanuela Sibalde participou do núcleo desde sua implantação. "Adquiri conhecimento sobre o assunto. A violência contra a mulher é uma realidade que muita gente desconhece. Com o núcleo, debatemos isso e formamos nossa opinião", avalia. A jovem nota que os meninos passaram a respeitar mais as mulheres e as próprias meninas após a discussão em sala de aula. Também acredita que incentivar o debate irá diminuir o preconceito. "Para o futuro, vai ser melhor. Tendo consciência de que somos todos iguais, acredito que vai diminuir o preconceito e a violência contra a mulher", opina.

Os números que indicam o preconceito contra homossexuais, porém, ainda assustam, conforme as estatísticas do Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN). Levantamento realizado em 26 escolas públicas, em junho, mostrou que mais da metade dos entrevistados, com entre 14 e 20 anos, não são favoráveis à união homossexual, enquanto 30,9% são a favor e 14,8% são indiferentes ao tema.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

A CARNE MAIS EXÓTICA DO MERCADO



Por Jarid Arraes para as Blogueiras Negras

Meninas e mulheres dos mais diversos contextos sociais sofrem com a sexualização exercida pela sociedade. As mulheres negras, no entanto, precisam lidar com estereótipos raciais que hipersexualizam seus corpos não somente por seu gênero, mas também por sua cor. Quando a mulher negra não é considerada indesejável e respulsiva devido a sua pele, acaba se tornando alvo de objetificação racista, que a exotifica sexualmente. Esses estereótipos acabam naturalizando a violência sexual contra as mulheres negras e limitando sua existência a um limbo de rejeição e indesejabilidade.


A maioria das mulheres negras sofrem violência desde a infância, onde aprendem desde cedo que seus corpos não são valiosos e vivem com o conhecimento de que não são desejadas. Muitas meninas negras crescem com a certeza de que cada aspecto do seu corpo é considerado ruim e, assim, acreditam que a única forma de alcançar um patamar de igualdade com as mulheres brancas é “corrigindo” suas características com a ajuda da tecnologia. A hipersexualização do corpo feminino negro, com ênfase em suas características consideradas “excêntricas” e “diferentes do convencional”, promove uma falsa valorização das garotas negras, que deixam de ser completamente rejeitadas para se tornarem aceitas, desde que seus corpos sejam submetidos à exotificação racial.

Essa hipersexualização do corpo feminino negro acrescenta muitos degraus à escada que a mulher negra precisa escalar para garantir seus direitos mais básicos. Assim, naturaliza-se a idéia de que as mulheres negras são somente objetos sexuais exóticos para o consumo alheio, promovendo a marginalização desse grupo. Isso traz grandes obstáculos para que as mulheres negras consigam conquistar algum crescimento profissional e ocupar lugares de relevância em sociedade. As mulheres negras precisam lutar para serem reconhecidas como seres humanos tridimensionais, com gostos, personalidades e características individuais, e não somente seres excêntricos para serem usadas sexualmente por quem quer “experimentar algo diferente”.

Isso acontece porque as mulheres negras são consideradas exóticas, ou seja, extravagantes e diferentes do convencional. Geralmente, são consideradas exóticas coisas que fogem do padrão e fazem parte de culturas diferentes, tais como roupas, músicas ou símbolos religiosos. No Ocidente, o padrão estabelecido é de uma supremacia racial branca, que enxerga com olhos etnocêntricos quaisquer traços de etnias ou culturas não-brancas. O modelo dominante na mídia, nas artes, na ciência e na política elimina qualquer rastro de negritude em suas representações, reduzindo e transformando objetos ou valores importantes para milhares de pessoas negras – ou até mesmo seres humanos inteiros, como é o caso das mulheres negras – em “fetiches”, que são exibidos como excentricidades ou bizarrices.

Se encarar objetos e signos como excêntricos já tem um grande potencial para ser problemático, reduzir seres humanos a símbolos de extravagância é mais do que desrespeito: é desumanização. É lamentável que pessoas sejam consideradas exóticas, objetificadas tais como roupas que saem e entram de moda e que estão disponíveis para o consumo de quem “quer ser diferente”. E é assim que mulheres negras são vistas: como uma espécie de souvenir comprado em viagens internacionais.

A tentativa de exotificar a aparência das mulheres negras para considerá-las belas e interessantes é uma forma de reduzí-las a meros acessórios. Mulheres negras não são exóticas, simplesmente porque seres humanos não podem ser exóticos. Qualquer tentativa de separar grupos de pessoas entre “convencionais” e “excêntricos” com base em suas expressões culturais e características físicas é etnocentrismo e racismo. O fato de que mulheres negras ainda precisam ser consideradas diferentes para serem vistas como atraentes é evidência de uma cultura contaminada pelo racismo institucional, onde ser negra significa não ter qualquer chance contra mulheres brancas.

Essa violência passa frequentemente despercebida, disfarçada em forma de elogios que enfatizam a suposta “excentricidade” da mulher negra. No entanto, enquanto muitas pessoas encaram esse tipo de expressão como uma forma de apreciação às diferenças, para as mulheres negras, que batalham arduamente para conquistar espaço na sociedade, ser considerada uma “beleza exótica” não é elogio, mas sim uma forma de segregação e exotificação racial. Mulheres negras não deveriam ser consideradas um “sabor” ou “variedade” diferente de mulher, mas sim seres humanos completos e plenos, capazes de existir, se expressar e transformar o mundo à sua volta.

Na luta pela igualdade racial, é imprescindível lembrar das sutilezas da cultura e da forma que ela opera para perpetuar valores racistas. Não basta tirar as mulheres negras do limbo de rejeição e se contentar com máscaras de falsa admiração; não adianta trocar a imposição do alisamento do cabelo crespo pelas passadas de mão intrometidas nos cabelos naturais. Exaltar a beleza negra como algo exótico e consumível não resolve o problema do padrão de beleza branco. Para combater o racismo, é necessário muito mais do que transformar a mulher negra em fetiche.

Jarid Arraes é educadora sexual, especialista em sex toys, escreve no Mulher Dialética e no Guia Erógeno.

terça-feira, 23 de julho de 2013

DICA DE FILMES QUE ABORDAM A SEXUALIDADE

Filmes que abordam com temática a sexualidade  e gênero, e podem serem trabalhado com os alunos.


FILMES/VIDEOS:



1. MIlK - A voz da igualdade é uma história real dos anos 70. Narra a vida de Harvey Milk (Sean Penn) com seu namorado Scott (James Franco). Quando se mudam para San Francisco, numa época repleta de preconceitos, eles enfrentam a violência e a discriminação sexual. (MILK. Direção: Gus Van Sant. Estados Unidos: Paramount Pictures/UIP, 2008. 1 DVD (128 min.) son. color., legendado em português).



2. PRISCIllA, a rainha do deserto conta a história de duas drag queens e um transexual que viajam para fazer um show. Eles partem de Sydney a bordo de Priscilla, um ônibus muito especial, e enfrentam o deserto australiano. Quando chegam a seu destino, após sofrer as agruras da viagem, descobrem que quem contratou o show foi a ex-mulher de um deles. (PRISCILLA. Direção: Stephan Elliott. Estados Unidos, 1994. 1 DVD (104 min.) son. color., legendado em português). 


3. LATTER DAYS – Christian tem 20 e poucos anos, vive em um condomínio em Los Angeles e adora curtir a noite. Suas conquistas sexuais são apenas para uma noitada. Elder Aaron Davis chega à cidade com três missionários mórmons para se hospedar no mesmo condomínio de Chris. Mundos antagônicos irão se chocar, trazendo graves consequências para ambos. (Latter days. Direção: C. Jay Cox. Estados Unidos: TLA Releasing, 2003. 1 DVD (107 min.) son. color., legendado em português.) 




4. TRANSAMÉRICA: um homem prestes a fazer a cirurgia de mudança de sexo descobre que possui um filho e que este quer conhecê-lo. Em uma longa viagem, tentarão descobrir um ao outro. (TRANSAMÉRICA. Direção: Duncan Tucker. Estados Unidos: IFC Films, 2005. 1 DVD (103 min) son. cor. legendado em português). 




5. MINHA VIDA EM COR-DE-ROSA: relata a história de Ludovic, um menino que acredita ter nascido no corpo errado. Lutando para ser reconhecido como uma menina, ele despertará o mal-estar dos vizinhos, que começam a fazê-lo passar por muitos sofrimentos. (Minha vida em cor-de-rosa. Direção: Alain Berliner. França/Bélgica/Inglaterra: Sony, 1998. 1 DVD (88 min.) son. color., legendado em português).



6.QUERELLE (1982) – Direção: Rainer Werner Fassbinder
O marujo francês Querelle chega a Brest e frequenta um estranho bordel. Logo descobre que seu irmão Robert é amante da dona do lugar, Lysiane. ”Aqui você pode jogar dados com Nono, o marido de Lysiane: se você ganhar, pode fazer amor com ela; se perder terá que fazer amor com Nono…”. Querelle perde de propósito.


7. WEEKEND (2011) – Direção: Andrew Haigh
Depois de sair para jantar com seus amigos héteros, Russell decide tentar a sorte numa boate gay. Ele sai de lá com Glen e os dois passam a noite juntos. Na manhã seguinte, Glen pede para gravar um depoimento de Russell sobre a noite anterior, dando início assim a uma intimidade inesperada entre os dois.



8.ASSUNTO DE MENINAS (2001) – Direção: Léa Pool
Ainda abalada pela perda da mãe, que morreu há 3 anos de câncer, a bela e sensível Mary Bradford (Mischa Barton) não consegue se comunicar com o pai e a madrasta. Alheios aos problemas emocionais dela, eles a enviam para um internato feminino. A recepção das novas colegas é ótima e ela é instalada no quarto das lindas Paulie Oster (Piper Perabo) e Tory Moller (Jessica Paré). Aos olhos dos outros Paulie e Tory boas amigas, mas em seus corações elas são amantes ardentes.



9.C.R.A.Z.Y. – Loucos de Amor (2005) – Direção: Jean-Marc Vallée
No dia 25 de dezembro de 1960, Zachary Beaulieu vem ao mundo. É o 4º entre 5 irmãos, todos meninos. A infância de Zachary é marcada pelos aniversários natalinos em que seu pai (Michel Côté), invariavelmente, encerra a festa imitando Charles Aznavour. Sua adolescência traz a descoberta de uma sexualidade diferente e sua negação profunda para não decepcionar a família.


10.EU NÃO QUERO VOLTAR SOZINHO (2010) – Direção: Daniel Ribeiro
A vida de Leonardo, um adolescente cego, muda totalmente com a chegada de um novo aluno em sua escola. Ao mesmo tempo, ele tem que lidar com os ciúmes da amiga Giovana, e entender os sentimentos despertados pelo novo amigo Gabriel.



11.ECLIPSE DE UMA PAIXÃO (1995) – Direção: Agnieszka HollandArthur Rimbaud (Leonardo DiCaprio), “o poeta dos sentidos”, como ficou conhecido, revolucionou a poesia do final do século XIX e continua influenciando escritores e surpreendendo leitores até hoje. O filme foca o turbulento período de produção literária de Rimbaud, que coincide com o tempo em que viveu apadrinhado por outro grande poeta, Paul Verlaine (David Thewlis). Mas a admiração de um escritor pelo outro vai além, faz com que ambos de apaixonem.



12. EU MATEI MINHA MÃE (2009) – Direção: Xavier Dolan
Hubert Minel é um jovem impetuoso de 17 anos que não gosta nem um pouco de sua mãe. Ele despreza suas roupas bregas, o estilo kitsch e as migalhas de pão que sempre ficam no canto de sua boca. Além desses traços, a relação dos dois é pautada pela manipulação e a culpa. Confuso e dividido por uma relação de amor e ódio que o deixa cada dia mais obcecado, o garoto vive uma adolescência que é ao mesmo tempo típica e marginal, marcada por novas experiências artísticas, amizades, sexo e abandono.



13.MENINOS NÃO CHORAM (1999) – Direção: Kimberly Peirce
Saiba como Teena Brandon se tornou Brandon Teena e passou a reivindicar uma nova identidade, masculina, numa cidade rural de Falls City, Nebraska. Brandon inicialmente consegue criar uma imagem masculinizada de si mesma, se apaixonando pela garota com quem sai, Lana, e se tornando amigo de John e Tom. Entretanto, quando a identidade sexual de Brandon vem à público, a revelação ativa uma espiral crescente de violência na cidade.


14.GAROTOS DE PROGRAMA (1991) – Direção: Gus Van Sant
River Phoenix e Keanu Reeves são as estrelas desta impressionante história do diretor Gus Van Sant (“Gênio Indomável”) a respeito de dois jovens garotos de programa que ganham a vida nas ruas. Mike Waters é um sensível narcoléptico que sonha com a mãe que o abandonou enquanto vive às voltas com Scott Favor, obstinado filho do prefeito de Portland e seu grande objeto de desejo.


15. MISTÉRIOS DA CARNE (2004) – Direção: Gregg Araki
Aos 8 anos, Brian Lackey (Brady Corbet) acordou do lado de fora de sua casa com o nariz sangrando, sem ter idéia de como tinha chegado lá. Depois do incidente ele nunca mais foi o mesmo: tem medo do escuro, urina na cama e é assombrado por pesadelos. Agora, aos 18 anos, ele acredita ter sido abduzido por alienígenas. Neil McComick (Joseph Gordon-Levitt), também de 18 anos, é um adorável forasteiro, o rapaz que todos admiram a distância. Quando seus caminhos se cruzam, eles descobrem que as memórias mais importantes de suas vidas não são o que parecem.



16. AS VANTAGENS DE SER INVISÍVEL (2012) – Direção: Stephen Chbosky
A história é narrada por um adolescente tímido e impopular que descreve a sua vida em uma série de cartas para uma pessoa anônima e explora as fases difíceis da adolescência, incluindo o uso de drogas e sexualidade.


17.UM QUARTO EM ROMA (2010) – Direção: Julio Medem
As jovens Alba e Natasha se conhecem ao acaso em uma noite do verão de 2008 em Roma, onde passam doze horas juntas em um quarto de hotel. A princípio resistentes a qualquer tentativa de aproximação, temendo pôr em risco os relacionamentos reais que cultivam no exterior desse microcosmo, as duas acabam cedendo a seus instintos mais inesperados, numa entrega apaixonada a uma liberdade que nunca experimentaram.



18. TOMBOY (2011) – Direção: Céline Sciamma
“Tomboy” é a denominação dada para meninas que gostam de agir como meninos. Laure é uma menina de dez anos, que muda de casa constantemente, em decorrência do trabalho do pai. Ao ir para uma nova residência ainda nas férias, ela faz amizade com uma grande turma de garotos da vizinhança, mas se apresenta como Mikael. Isso faz com que ela se aproxime de Lisa, a única menina do grupo.




19 - XXY (2007) – Direção: Lucía Puenzo
Alex (Inés Efron) nasceu com ambas as características sexuais. Tentando fugir dos médicos que desejam corrigir a ambiguidade genital da criança, seus pais a levam para um vilarejo no Uruguai. Eles estão convencidos de que uma cirurgia deste tipo seria uma violência ao corpo de Alex e, com isso, vivem isolados numa casa nas dunas. Até que, um dia, a família recebe a visita de um casal de amigos, que leva consigo o filho adolescente. É quando Alex, que está com 15 anos, e o jovem, de 16, sentem-se atraídos um pelo outro.




20 - Má Educação (2004) – Direção: Pedro Almodóvar
Madri, 1980. Enrique Goded (Fele Martínez) é um cineasta que passa por um bloqueio criativo e está tendo problemas em elaborar um novo projeto. É quando se aproxima dele um ator que procura trabalho, se identificando como Ignacio Rodriguez (Gael García Bernal), que foi o amigo mais íntimo de Enrique e também o primeiro amor da sua vida, quando ainda eram garotos e estudavam no mesmo colégio.





21 - Amigas de Colégio (1998) – Direção: Lukas Moodysson
O filme conta a história de uma adolescente, Agnes, que se mudou com a família para uma pequena cidade sueca chamada Amal, o lugar mais chato da terra, segundo ela mesma. Agnes não consegue fazer amigos no colégio e sua companheira na sala é uma garota que vive em uma cadeira de rodas. Para complicar ainda mais as coisas, ela está apaixonada por Elin, uma garota do colégio, porém o único a saber desta paixão é seu computador, onde ela faz todas as suas anotações. No dia de seu aniversário, Agnes não percebe que a irmã mais velha de Elin descobre suas anotações e faz uma aposta com a irmã: se ela deixar Agnes beijá-la, pagará à irmã 20 cronas.





sexta-feira, 19 de julho de 2013

Ser gay é pecado?



Um grupo influente de religiosos católicos e protestantes opõe-se à onda conservadora e defende que a Bíblia não condena o homossexualismo 



A representação de São Sérgio e São Baco, símbolos da causa LGBT




Em seu programa de tevê e nos cultos, o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus, um dos maiores porta-vozes do conservadorismo religioso no País, costuma repetir a ladainha: “Homossexualidade na Bíblia é pecado. Pode tentar, forçar, mas é pecado”. Mas será mesmo pecado ser gay? Não, contestam, baseados na interpretação da mesma Bíblia, sacerdotes cristãos, tanto católicos quanto evangélicos. Para eles, a mensagem de Jesus era de inclusão: se fosse hoje que viesse à Terra, o filho de Deus teria recebido os homossexuais de braços abertos.

“Orientação sexual não é o que vai definir a nossa salvação”, afirma o bispo primaz da Igreja Anglicana no Brasil, dom Maurício Andrade. “É muito provável que as pessoas homoafetivas fossem acolhidas por Jesus. O Evangelho que ele pregou foi de contracultura e inclusão dos marginalizados”, opina. Segundo o bispo, ao mesmo tempo que não há nenhuma menção à homossexualidade no Novo Testamento, há várias passagens que demonstram a pregação de Jesus pela inclusão. Não só o conhecido “quem nunca pecou que atire a primeira pedra” à adúltera Maria Madalena.

No Evangelho de João, capítulo 4, Jesus está a caminho da Galileia, partindo de Jerusalém. Cansado, decide descansar ao lado de um velho poço, em plena região da Samaria, cujos habitantes eram desprezados pelos judeus. E inicia conversação com uma mulher samaritana que vinha buscar água, e lhe oferece a salvação da alma, para espanto de seus próprios apóstolos, que a consideravam ímpia. Também quando Jesus vai à casa de Zaqueu, o coletor de impostos decidido a passar a noite lá, os discípulos murmuram entre si que se hospedaria “com homem pecador”. Mas Jesus não só o faz como também oferece a Zaqueu, homem rico tido como ladrão, a salvação. “Hoje veio a salvação a esta casa, por este ser também filho de Abraão.”

“Jesus inaugura o momento da Graça, os Evangelhos atualizam vários trechos do Velho Testamento. Ou alguém pode imaginar apedrejar pessoas hoje em dia?”, questiona dom Maurício, para quem a interpretação da Bíblia deve se basear no tripé tradição, razão e experiência cotidiana. “Quem interpreta que a Bíblia condena a homoafetividade está sendo literalista. Cada texto bíblico está inserido num contexto político, histórico e cultural, não pode ser transportado automaticamente para os dias de hoje. Além disso, a Igreja tem de dar resposta aos anseios da sociedade, senão estaremos falando com nós mesmos.”

Também anglicano, o arcebispo Desmond Tutu, Prêmio Nobel da Paz em 1984, lançou em março deste ano o livro Deus Não É Cristão e Outras Provocações, que traz um texto sobre a inclusão dos cidadãos LGBT à Igreja e à sociedade. Para Tutu, a perseguição contra os homossexuais é uma das maiores injustiças do mundo atual, comparável ao apartheid contra o qual lutou na África do Sul. “O Jesus que adoro provavelmente não colabora com os que vilipendiam e perseguem uma minoria já oprimida”, escreveu. “Todo ser humano é precioso. Somos todos parte da família de Deus. Mas no mundo inteiro, lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros são perseguidos. Nós os tratamos como párias e os fazemos duvidar que também sejam filhos de Deus. Uma blasfêmia: nós os culpamos pelo que são.”

Nos Estados Unidos, a Igreja Anglicana foi a primeira a ordenar um bispo homossexual, em 2004. “Não por ser gay, mas porque a Igreja reconheceu o serviço e o ministério dele”, alerta dom Maurício. Foi com base na demanda crescente de respostas por parte dos fiéis homossexuais ou com -parentes e amigos gays que os anglicanos começaram a rever suas posturas, a partir de 1997. No ano seguinte, foi feita uma recomendação para que os homoafetivos fossem escutados, embora a união de pessoas do mesmo sexo ainda fosse condenada e que se rejeitasse a prática homossexual como “incompatível” com as Escrituras.

No Brasil, onde possui mais de 60 mil seguidores, a Igreja Episcopal Anglicana realizou em 2001 a primeira consulta nacional sobre sexualidade, quando seus fiéis decidiram rejeitar “o princípio da exclusão, implícito na ética do pecado e da impureza”, e fazer uma declaração pública em favor da inclusividade como “essência do ministério encarnado de Jesus”. Em maio deste ano, os anglicanos divulgaram uma carta de apoio à decisão do Supremo Tribunal Federal de permitir a união civil entre pessoas do mesmo sexo, baseados não só na defesa da separação entre Estado e Igreja como no reconhecimento de que as relações homoafetivas “são parte do jeito de ser da sociedade e do ser humano”.

Com o reconhecimento pelo Superior Tribunal de Justiça, em 25 de outubro, da união civil de duas lésbicas, é possível que a intolerância religiosa contra os homossexuais volte a se acirrar. No Twitter, Malafaia atiçava os seguidores a enviar e-mails aos juízes do Tribunal pedindo a rejeição do recurso. Em vão: a união entre as duas mulheres gaúchas, juntas há cinco anos, ganhou por 4 votos a 1.

A partir da primeira decisão do STF, foi criada, informalmente até agora, uma frente religiosa pela diversidade sexual, que reúne integrantes de diversas igrejas: batistas, metodistas, anglicanos, luteranos, presbiterianos, católicos e pentecostais. Coordenador do grupo, o metodista Anivaldo Padilha (pai do ministro da Saúde, Alexandre Padilha) diz que a homossexualidade é hoje um dos temas que mais dividem as igrejas, tanto evangélicas quanto católicas. “Quem alimenta o preconceito são as lideranças. Os fiéis manifestam dificuldade em obter respostas, porque no convívio com amigos, colegas ou mesmo parentes que sejam homossexuais não veem diferença.”

Mais: segundo Padilha, a proporção de homossexuais entre os evangélicos é bastante similar à da sociedade brasileira como um todo. Sua convicção vem da pesquisa O Crente e o Sexo, do Bureau de Pesquisa e Estatística Cristã, entidade que possui o maior banco de dados com e-mails de evangélicos brasileiros – mais de 1,6 milhão. Na pesquisa, foram ouvidos pela internet 6.721 solteiros evangélicos de todo o País, entre 16 e 60 anos. Os resultados, divulgados em junho deste ano: 5,02% dos evangélicos tiveram uma experiência homossexual e 10,69% disseram desejar experimentar ter relações com pessoas do mesmo sexo.

Uma pesquisa feita em 2009 pelo Ministério da Saúde com os brasileiros em geral apontou que 7,6% das pessoas- entre 15 e 64 anos haviam tido relações com o mesmo sexo na vida. Quer dizer, a diferença entre os hábitos sexuais dos crentes e do resto da população é quase nula. “A questão não é teológica”, argumenta Padilha. “O que existe é que esse tema tem sido utilizado politicamente pela direita brasileira. Como não existe mais o comunismo, conseguem manipular a opinião pública assim. Eles têm o direito de expressar opiniões, mas não se pode impor ao Estado conceitos de pecado que não dizem respeito aos que professam outras religiões, ou nenhuma.”

De acordo com historiadores, a posição religiosa em relação à homossexualidade mudou ao longo dos séculos: de mais tolerante para menos. O americano John Boswell, pesquisador da Universidade Yale que morreu de Aids- aos 47 anos em 1994 e que dedicou a vida acadêmica a investigar a homossexualidade relacionada ao cristianismo, afirmava que a Igreja Católica não condenou as relações entre o mesmo sexo até o século XII. Ao contrário: o historiador, contestado por alguns e aclamado por outros, revelou no livro O Casamento entre Semelhantes – Uniões entre pessoas do mesmo sexo na Europa pré-moderna (1994) a existência de manuscritos que comprovam a celebração de rituais matrimoniais religiosos durante toda a Idade Média por sacerdotes católicos e ortodoxos para consagrar uniões homossexuais.

Nos 80 manuscritos descobertos por Boswell sobre as bodas gays entre os primeiros cristãos, invocava-se como protetores os santos católicos Sérgio e Baco, tidos como homossexuais. Celebrados no dia 7 de outubro, São Sérgio e São Baco aparecem juntos em toda a iconografia religiosa a partir do século IV depois de Cristo e atualmente são objeto de homenagem de vários artistas plásticos ligados ao movimento LGBT. Soldados do imperador romano Maximiano, foram ambos martirizados por se recusar a entrar em um templo e adorar Júpiter. Baco, flagelado com chicotadas, morreu primeiro. Uma crônica, provavelmente do século- X, conta que Sérgio “com o coração enfermo pela perda de Baco, chorava e gritava: ‘te separaram de mim, foste ao Céu e me deixaste só na Terra, sem companhia nem consolo’”.

Em fevereiro deste ano, o pesquisador e professor de Literatura Carlos Callón, da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha, foi premiado pelo ensaio Amigos e Sodomitas: A configuração da homossexualidade na Idade Média, onde conta a história de Pedro Díaz e Muño Vandilaz, protagonistas do primeiro matrimônio homossexual da Galícia, em 16 de abril de 1061. No documento, o casal compromete-se a morar juntos e se cuidar mutuamente “todos os dias e todas as noites, para sempre”. Segundo Callón, há muitos relatos semelhantes, inclusive com rituais religiosos similares aos heterossexuais, com a diferença de que as bênçãos faziam alusão ao salmo 133 (“Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos”), ao amor de Jesus e João ou a São Sérgio e São Baco.

“Trato também na pesquisa de como na lírica ou na prosa galego-portuguesa medievais aparecem alguns exemplos de relações entre homens”, diz o professor. “As relações homossexuais são documentáveis em todas as épocas, o que houve foi um processo de adulteração, de falsificação da história, para nos fazer pensar que não.” Outro dado importante ressaltado pelo pesquisador é que a perseguição contra os homossexuais vem originalmente do Estado. Só mais tarde a Igreja se converteria na principal fonte do preconceito.

“Os traços básicos do preconceito contra a homossexualidade tiveram sua origem na Baixa Idade Média, entre os séculos XI e XIV. É nessa altura que emerge a intolerância homofóbica, desconhecida na Antiguidade. Inventa-se o pecado da sodomia, inexistente nos mil primeiros anos do cristianismo, a englobar todo o sexo não reprodutivo, mas tendo como principal expoente as relações entre homens ou entre mulheres. Com o tempo, passará a ser o seu único significado”, explica Callón.

De fato, a palavra “sodomia” para designar o coito anal em geral e as relações homossexuais em particular, e ao que tudo indica foi introduzida na Bíblia por seu primeiro tradutor ao inglês, o britânico John Wycliffe (1320-1384). Wycliffe traduziu o termo grego arsenokoitai como “pecado de Sodoma”. Daí a utilização da palavra “sodomita” para designar os gays, o que acabou veiculando-os para sempre com o relato bíblico das pecadoras cidades de Sodoma e Gomorra, destruídas por Deus com fogo e enxofre para punir a imoralidade de seus habitantes. Mas o significado real de arsenokoitai (literalmente, a junção das palavras “macho” e “cama”) é ainda hoje alvo de controvérsia.

O próprio termo “homossexual” para designar as pessoas que preferem se relacionar com outras do mesmo sexo é recente: só passou a existir a partir do século XIX. A versão revisada em inglês da Bíblia, de 1946, é a primeira a utilizá-lo. Isto significa que as menções à “homossexualidade”, “sodomia” e “sodomitas” nas escrituras seriam mais uma questão de interpretação do que propriamente de tradução.

“A Bíblia, infelizmente, tem sido usada para defender quaisquer posicionamentos, desde a escravidão (sobram textos que legitimam a escravatura) ao genocídio”, opina o pastor Ricardo Gondim, da Igreja Betesda de São Paulo, protestante. “Como o sexo é uma pulsão fundamental da existência, o controle sobre essa pulsão mantém um fascínio enorme sobre quem procura preservar o poder. Assim, o celibato católico e a rígida norma puritana não passam de mecanismos de controle. O uso casuístico das Escrituras na defesa de posturas consideradas conservadoras ou ‘ortodoxas’ não passam, como dizia Michel Foucault, de instrumentos de dominação.”

“Um teólogo que eu admiro muito, Carlos Mesters, costuma dizer que a Bíblia é uma flor sem defesa. Dependendo da mão e da intencionalidade de quem a usa, a posição mais castradora ou a mais libertadora pode ser defendida usando-a”, concorda a pastora Odja Barros, presidente da Aliança de Batistas do Brasil, espécie de dissidência da Igreja Batista que aceita homossexuais entre seus integrantes – são seis igrejas no País. Tudo começou há cinco anos, conta Odja, quando se colocou diante de sua igreja, em Maceió, o desafio: um homossexual converteu-se e não queria abrir mão de seu gênero. Foi uma pequena revolução. Alguns integrantes deixaram a Igreja, outros se juntaram a ela, e houve fiéis que, animados, também resolveram se revelar homossexuais. “Em todas as comunidades evangélicas existem gays, mas são reprimidos”, afirma a pastora.

Um dos pontos principais para a compreensão da questão à luz da Bíblia, de acordo com Odja Barros, é desconstruir as leituras mais hegemônicas, patriarcais, que afetam a vida não só dos gays, como das mulheres. Há trechos, por exemplo, que justificam a submissão e a violência contra a mulher. A própria Odja só se tornou pastora graças a essa releitura. “As pessoas vêm me dizer que sou feminista, que sou moderna, mas me sinto muito fiel a algo -muito -antigo, que é a defesa da dignidade do ser humano sobre todas as coisas. O Evangelho tem a ver com esses valores”, argumenta. “A sociedade caminhou mais rápido e é um desafio à Igreja, quando deveria ser o contrário.”

Entre os católicos, curiosamente, a homossexualidade não é vetada a partir da Bíblia, mas a partir da concepção de que seria antinatural, ou seja, fora do objetivo da procriação. É assim, até hoje, que prega a Igreja, daí a condenação também ao uso de contraceptivos como a camisinha. Tudo isso vem de uma época em que se conhecia muito pouco de biologia. A descoberta do clitóris como fonte do prazer feminino, por exemplo, é do século XVI. O ovário, que sacramentou a diferença entre homem e mulher, só foi descoberto no século XVIII. Até então, pensava-se que a mulher era um homem em desvantagem, um corpo masculino “castrado”.

“Além disso, hoje temos conhecimento de uma gama impressionante de comportamentos sexuais entre os animais, o que inclui homossexualidade e hermafroditismo”, defende o padre católico James Alison, britânico radicado em São Paulo. Homossexual assumido, Alison conta que se situa numa espécie de “buraco negro” em que se encontram, segundo ele, muitos padres católicos gays: sem função como párocos, não estão subordinados a bispos e, por isso mesmo, escapam de sanções da Igreja. O padre, que vive como teólogo, compara a homossexualidade a ser canhoto. Ou seja, um porcentual- da população nasceria -homossexual, assim como nascem pessoas que escrevem com a mão esquerda. “Aproximadamente 9,5% das pessoas são canhotas e isso também já foi considerado uma patologia.”

Alison conta que a Igreja Católica faz um malabarismo ideológico para sustentar a proibição de ser homossexual-, pois no ensino teológico do Vaticano o fato em si não é considerado pecado. “Eles dizem que ‘enquanto a inclinação homossexual não seja em si um pecado, é uma tendência para atos intrinsecamente maus’, uma coisa confusa e insustentável a essa altura.” O padre acredita, porém, que a aceitação da homossexualidade pelos católicos melhorou sob Bento XVI. “Neste tema, os prudentes calam e os burros gritam. João Paulo II promovia os gritões. Hoje a tendência é prudência. Já não se veem bispos falando publicamente que é uma patologia. Se a Igreja reconhecer que não há patologia, será natural reconhecer a homossexualidade. É um lado bom de Ratzinger, mas tudo isso ocorre caladamente, nos bastidores da Igreja.”

Para o padre, a falta de discussão no catolicismo sobre a homossexualidade “emburreceu” as pessoas para o debate em torno da pedofilia, que tanto tem causado danos à imagem da Igreja nos últimos anos. Daí a reação lenta diante das denúncias. E também se tornou um obstáculo à evangelização. “A homofobia instintiva já não é mais realidade, há cada vez mais solidariedade fraterna concreta. Muitos jovens são por natureza gay friendly. E se perguntam: por que seguir Jesus se tenho de odiar os gays?”


quarta-feira, 17 de julho de 2013

Você sabe de onde vêm os bebês?


Os alemães sabem.
Não há nada como um livro infantil alemão para explicar o "inexplicável" às crianças.Distribuído nas escolas alemãs...



























segunda-feira, 15 de julho de 2013

Sexualidade: como o professor deve lidar com esse assunto

Pesquisadora orienta sobre os aspectos comportamentais em sala de aula






Surgem situações em que o professor é obrigado a lidar com o aspecto da sexualidade em sala de aula. Esse assunto ainda é tabu na sociedade, muito mais no meio acadêmico. Como o professor deve ou pode encarar esse assunto?
Para ajudar a Professora e o Professor a enfrentar essa difícil situação, o ProfessorNews conversou com a Professora Elisabete Oliveira (*), mestre e doutoranda em sociologia da educação e pesquisadora da ECOS – Comunicação em Sexualidade, que expôs as diversas faces da questão com muita natralidade.


PROFESSORNEWS - O que a senhora acha da lei contra a homofobia? De que forma isso ajuda na conscientização da sociedade? Na sua opinião, essa lei chegou tarde ou nem era necessária?
Professora Elisabete - Práticas de violência que têm como motivação o ódio e intolerância a gays, lésbicas, travestis e transexuais têm tido uma maior visibilidade na mídia nos últimos anos. Numa sociedade ideal, o respeito à diversidade humana estaria na base das relações sociais e, consequentemente, leis de criminalização de racismo, homofobia e outras formas de intolerância seriam desnecessárias. Não é este o caso do Brasil, infelizmente.
O Estado tem o dever de garantir o direito de cada indivíduo à cidadania, à dignidade, à integridade e ao respeito, assegurando a todos o direito a uma vida sem violência, sem medo, sem constrangimento, sem humilhação. Esse direito não tem sido conferido à população LGBT, daí a necessidade de leis e políticas que caminhem nessa direção.
Notícias sobre espancamento e assassinato de homossexuais chegam à mídia quase diariamente. O crime de ódio tem uma especificidade que o diferencia de um crime comum, pois é motivado unicamente pela intolerância do criminoso à raça, ao sexo, à origem regional, à orientação sexual, à identidade de gênero, à religião ou outra característica da vítima. O crescimento desse tipo de violência aponta para a necessidade de leis punitivas, embora essas leis, como políticas isoladas, não resolvam o problema.
É preciso também o investimento no diálogo, no debate dessas questões e na educação de crianças, adolescentes, jovens e adultos para o respeito à diversidade humana, na perspectiva dos direitos humanos. Muito do ódio aos homossexuais vem de grupos conservadores que tentam impor seus valores ao restante da população. Alguns são grupos religiosos, que utilizam concessões públicas de rádio e televisão para propagar valores contrários aos direitos humanos e à cidadania de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais.
Essas vozes certamente contribuem para a demonização de qualquer orientação sexual que não seja a heterossexual, alimentando a intolerância social à diversidade. A laicidade do Estado brasileiro deve ser defendida contra as vozes que se manifestam contra os direitos humanos; para isso, é essencial uma postura corajosa e rigorosa por parte de nossos governantes.

Como um professor deve lidar com alunos declaradamente homossexuais com relação à sua presença em sala de aula?
Professores e professoras são confrontados, em sua prática cotidiana, por conflitos gerados por todo tipo de diversidade presente na escola e na sociedade. É preciso que os(as) docentes assumam o desafio de garantir a todos os alunos o direito a uma educação de qualidade, que não pode ser prejudicada seja pela cor da pele, orientação sexual, identidade de gênero, entre outros fatores.
Não há como ignorar a homofobia presente nas escolas brasileiras. Pesquisas mostram o sofrimento de alunos e alunas homossexuais em suas interações na escola e também a incapacidade da maioria das escolas em lidar com o bullying homofóbico.
Alunos homossexuais, assim como os demais alunos, têm direito a uma educação de qualidade e a uma experiência escolar livre de preconceitos e violência; portanto, cabe à escola a concretização desse direito em todos os seus espaços. Para isso, faz-se necessária a capacitação de todos os profissionais que atuam na escola, toda a escola tem que ser coerente com um mesmo plano estratégico de combate à homofobia e outras formas de discriminação.
Muitos alunos vêm de uma formação familiar onde essas questões nunca foram debatidas. Cabe à escola proporcionar essa discussão, sempre pautada nos direitos humanos.

Numa sala de aula, até que ponto o professor deve interferir numa situação em que algum aluno(a) gay é discriminado(a) por seus colegas?
Em minha opinião, o professor deve intervir em todas as situações em que haja qualquer tipo de discriminação, pois situações de discriminação têm impacto sobre todo o trabalho pedagógico, afetam todos os atores da escola. O professor deve interferir, inicialmente, por meio do diálogo, por meio do debate das situações de discriminação.
A escola deve incluir ações contra discriminação e bullying em seu projeto político-pedagógico, e essa preocupação deve estar presente em todos os níveis, em todo o trabalho educacional.
Não é uma tarefa fácil; os professores e demais profissionais da educação se sentem despreparados para lidar com a homofobia, principalmente, porque esse tema – assim como a sexualidade e relações de gênero – não fez parte de sua formação inicial. Todos os atores da escola – professores, gestores, coordenadores, funcionários, estudantes – trazem para a escola diferentes formações que vêm da família, do bairro, da mídia, da religião, toda essa diversidade se encontra na escola.
O professor está na linha de frente para lidar com essa diversidade, sente-se desamparado; precisa de apoio, formação e recursos. Uma iniciativa importante do governo federal foi a criação do Kit Escola Sem Homofobia, que trazia uma proposta de enfrentamento desse problema no espaço escolar. No entanto, o material não chegou a ser distribuído, devido à pressão de grupos conservadores no Congresso Nacional.
Não foi só o Estado laico que saiu ferido nesse triste episódio, mas também a dignidade de crianças e adolescentes que continuam a sofrer humilhação, constrangimento e violência diariamente no espaço escolar.
Hoje, os direitos sexuais e direitos reprodutivos – cujos princípios foram elaborados e consolidados na Conferência Internacional da ONU Sobre População e Desenvolvimento, realizada no Cairo em 1994, e na IV Conferência Mundial Sobre a Mulher, realizada em Beijin em 1995 - devem pautar as políticas de educação em sexualidade nos espaços educativos de nosso país.
Um dos direitos previstos nos documentos das conferências é o direito de expressar livremente sua orientação sexual, seja ela qual for. Se existe o direito, deve existir a garantia do exercício desse direito, dentro e fora da escola.

Nos livros didáticos, alguns personagens históricos não têm a sua sexualidade mencionada, mesmo que isso tenha interferido nos fatos históricos. A que se deve essa prática?
Vivemos em uma sociedade heteronormativa, ou seja, a heterossexualidade é a norma e qualquer outra orientação sexual é considerada desviante. Os livros didáticos tendem a refletir exatamente isso, e não somente em relação à orientação sexual, mas também reproduzem modelos de família, de homem, de mulher, trazem estereótipos de raça, gênero, classe social, que certamente têm impacto na educação de crianças, adolescentes e jovens.
Somente há poucos anos, percebeu-se a importância de se contar a história das mulheres, dos negros, porque, até então, os heróis da história eram todos homens, brancos, cristãos e heterossexuais. Obviamente, esta mudança só foi possível com o esforço dos movimentos sociais – sobretudo o movimento negro e o movimento feminista –, que lutaram pela revisão dos conteúdos e livros escolares e a inclusão de todos os atores que fizeram parte da história.
Tenho esperança de que o movimento LGBT lute pela mesma inclusão. Existe uma vasta literatura acadêmica que analisa os livros didáticos e mostra de que modo eles contribuem para perpetuar certos estereótipos e manter determinadas estruturas sociais. Isso está mudando, mas muito lentamente.

Como sua pesquisa sobre a sexualidade pode ajudar os docentes que lidam com esse assunto?
A função da pesquisa educacional é fornecer subsídios para políticas públicas em educação que possam auxiliar na transformação das práticas escolares, para que escola se torne cada vez mais inclusiva e dê conta de responder às demandas da sociedade. Nesse sentido, as pesquisas sobre educação em sexualidade e relações de gênero têm tido papel importante para apontar os desafios enfrentados pela escola nesse processo de inclusão.
A homofobia é um exemplo que tem sido recorrente em diversas pesquisas em educação, e que exigem uma resposta do Estado. No mestrado, pesquisei a sexualidade, gravidez e maternidade de mulheres jovens de estratos populares da cidade de São Paulo. Essa pesquisa mostrou de que modo as jovens articulam e formam um acervo pessoal de conhecimentos sobre sexualidade que permite a elas tomar decisões sobre sexualidade e reprodução.
A pesquisa de doutorado que estou desenvolvendo atualmente trata de uma minoria sexual praticamente desconhecida: os assexuais, que são indivíduos que não têm nenhum interesse por sexo, e reivindicam o status de orientação sexual para sua falta de desejo.
Calcula-se que 1% da população seja assexual, existindo poucos estudos sendo feitos sobre esse tema no mundo. Os assexuais são praticamente invisíveis no mundo real, embora grupos de assexuais estejam se formando em comunidades na internet.
À medida que a visibilidade das minorias sexuais vai crescendo, aumentam suas chances de inclusão na sociedade e como sujeitos de direitos nas políticas públicas. Espero que minha pesquisa possa contribuir nesse sentido.

Elisabete Regina Baptista de Oliveira é pedagoga, mestre e doutoranda em sociologia da educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Pesquisadora da ECOS – Comunicação em Sexualidade, onde desenvolve estudos no campo da educação em sexualidade, relações de gênero e diversidade sexual. Integrante da REGES – Rede de Gênero e Educação em Sexualidade. Criadora do Blog Assexualidades (http://assexualidades.blogspot.com.br/ )


sábado, 13 de julho de 2013

No Ceará, escola desenvolve projeto contra homofobia em sala de aula

Vídeos, aulas, livros e oficinas são utilizados no programa. Tema do projeto é Literatura e Diversidade Sexual
Estudantes da Escola Nazaré Guerra aprovam ações contra a homofobia(foto: Dario Gomes).




A Escola Estadual de Ensino Médio Nazaré Guerra, localizada no município de Itatira distante 216 Km de Fortaleza, inova no combate ao preconceito. A instituição implementou um programa de combate ao bullying homofóbico e de conscientização da diversidade sexual.O projeto teve início no começo deste ano, entre março e abril.Com uso de vídeos, aulas e oficinas para esclarecer os alunos.


A literatura também é muito utilizada durante as aulas do projeto. Segundo o professor coordenador do projeto, Francisco Wesley Carlos Sales, a intenção do programa é, também, transformar por meio da literatura. “Queremos transformar por meio de livros clássicos.Perguntamos, por exemplo, se Romeu e Julieta fosse um casal gay, os alunos ainda iriam gostar?”, diz Francisco.


Francisco afirma que as atividades ocorrem dentro do Núcleo Trabalho, Pesquisa e demais Práticas Sociais (NTPPS), um programa de Reorganização Curricular da Secretária de Educação do Ceará (Seduc), que aborda temas como drogas, doenças sexualmente transmissíveis, problemas familiares, meio ambiente e outros assuntos. “Estamos nos baseando no livro Saúde da Escola, que nos foi fornecido. Dentro deste material, tinha o assunto sobre diversidade sexual”, afirma Francisco.


Com o tema Literatura e Diversidade Sexual, a Escola de Nazaré Guerra pretende conscientizar os alunos desde os primeiros anos do colégio. “Queremos que os alunos cheguem já sabendo que a escola está com a preocupação de acabar com o preconceito”, esclarece o professor. A diretória da escola dá total apoio ao projeto, segundo Francisco. “Esses projeto veio para ajudar a gestão. A escola está sendo pioneira no assunto, pelo que a gente sabe”, diz.


Antes de implantar o projeto, a instituição realizou uma pesquisa entre os alunos para saber o que eles achavam da diversidade sexual. Foram ouvidos 251 alunos, na qual 30% deles apresentavam preconceito e 20% já haviam presenciado atos de intolerância a homossexuais. “Depois do projeto, o preconceito diminuiu”, conta Francisco.


A criação do projeto por parte da escola se deu por vários fatores. “A gente vê ainda que existe um preconceito dentro da escola, como brincadeiras. Agimos dentro da escola para que os alunos possam agir fora”, explica Francisco. A idéia do projeto é expandir as ações. “futuramente, a gente quer disseminar o projeto para o município todo, para todas as escolas”, completa o professor.



quinta-feira, 11 de julho de 2013

COMO A ALEMANHA EXPLICA A HOMOSSEXUALIDADE PARA CRIANÇAS



Em um país onde algo absurdo como a “Cura Gay” é proposto por um deputado, é sempre bom ter acesso a informações diferentes, que possam abrir os olhos e a mente das pessoas. Esse livro alemão foi escrito com o intuito de explicar às crianças o que é “homossexualidade”, sem nenhum tipo de preconceito, é um material bastante esclarecedor, que deveria ser distribuído aqui no Brasil, para crianças e adultos!


Confira a pequena história em alemão, traduzida para o português: